Por Edna Maria Fabro
Os benfeitores espirituais nos esclarecem que a mediunidade é recurso de trabalho e aprimoramento para o homem da Terra. “ É talento divino para edificar o consolo e a instrução entre os homens.” (1)
Emmanuel ainda nos ensina que a mediunidade ″ […] é uma das mais belas oportunidades de progresso e de redenção concedidas por Deus aos seus filhos misérrimos”. (2) Através do maravilhoso intercâmbio entre os dois planos da vida, o ser humano ajuda-se mutuamente, em favor do seu aprimoramento, sob a supervisão amorosa de Deus.
A mediunidade é, pois, sublime instrumento da bondade divina para redimir o ser das suas amarras milenares, transformando-o em agente impulsionador do progresso na Terra.
Daí a grande responsabilidade que assume a tarefa de trabalhar em favor se si mesmo e do bem comum, utilizando os recursos da mediunidade. É imprescindível que se instrua, a fim de conhecer os caminhos seguros da sua execução.
Emmanuel esclarece que “ a primeira necessidade do médium é evangelizar-se a si mesmo antes de se entregar às grandes tarefas doutrinárias […]”(3). Elucida também que “ a especialização na tarefa mediúnica é mais que necessária e somente de sua compreensão poderá nascer a harmonia na grande obra de vulgarização da verdade a realizar” (4).
Entendemos, também, que a prática mediúnica exige disciplina, renúncia e mesmo sacrifícios pessoais. Precisa haver, por parte do trabalhador, comprometimento e busca constante da sublimação das energias psíquicas, para que os frutos do seu labor mediúnico seja proveitosos a si mesmo e aos demais.
Portanto, pela complexidade de que se reveste a prática mediúnica, o trabalhador necessita buscar o conhecimento, a fim de exercer a tarefa enobrecedora do intercâmbio produtivo.
Allan Kardec já destacava a importância de um curso regular de Espiritismo, “[…] com o fim de desenvolver os princípios da Ciência e de difundir o gosto pelos estudos sérios. Esse curso teria a vantagem de fundar a unidade principal, de fazer adeptos esclarecidos, capazes de espalhar as ideias espírita e de desenvolver grande números de médiuns”. (5)
O codificador também alerta em O Livro dos Médiuns:
Todos os dias a experiência nos traz a confirmação de que as dificuldades e os desenganos, com que muitos topam na prática do Espiritismo, se originam da ignorância dos princípios desta ciência. […] (6)
A Doutrina Espírita, através dos seus ensinos, nos oferece a orientação segura para o correto exercício da mediunidade, fazendo com que a sua prática se torne fonte de luz e esclarecimentos. É necessário, portanto, estudá-la de forma metódica e sistemática, à luz do Evangelho de Jesus, antes e após o ingresso na tarefa mediúnica:
A capacitação do trabalhador deve, pois, estar assentada em dois fundamentos básicos, que constituem os seus referenciais: a) o conhecimento doutrinário, extraído das obras codificadas por Allan Kardec, e, das suplementares a estas, de autoria de Espíritos fiéis às orientações da Doutrina Espírita; b) conduta espírita, ética e moral, segundo as orientações de Jesus, contidas no seu Evangelho. (7)
Essa capacitação deve buscar, principalmente, favorecer o aprofundamento de temas doutrinários, sobretudo os relacionados à prática mediúnica, desenvolvendo o gosto pelo estudo espírita. Deve ainda preparar o trabalhador para exercer a mediunidade de forma natural, como é preconizada pela Codificação Espírita.
Neste sentido, é importante atentar para o seguinte conceito de médium, existente em O Livro dos Médiuns:
Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por esse fato, médium. Essa faculdade é inerente ao homem; não constitui, portanto, um privilégio exclusivo. Por isso mesmo, raras são as pessoas que dela não possuam alguns rudimentos. Pode, pois, dizer-se que todos são, mais ou menos, médiuns. (8)
Assim sendo, todos nós somos capazes de registrar, conscientemente ou inconscientemente, ideias e sugestões dos Espírito. Portanto, todos podem, em princípio participar de uma reunião mediúnica e para ela contribuir positivamente, sendo porém, necessária a preparação devida a tão importante tarefa.
A capacitação de trabalhador da mediunidade, além de enfocar o conhecimento teórico, necessita oferecer a oportunidade da experimentação. Para se desenvolver qualquer habilidade é necessário que o candidato tenha conhecimento da teoria e realize exercícios continuados. Assim também ocorre com as faculdades psíquicas. Para saber se alguém possui algum tipo de mediunidade é preciso exercitá-la.
Allan Kardec esclarece:
[…] por nenhum diagnóstico se pode inferir, ainda que aproximadamente, que alguém possua essa faculdade. Os sinais físicos, em os quais algumas pessoas julgam ver indícios, nada têm de infalíveis. Ela se manifesta na crianças e nos velhos, em homens e mulheres quaisquer que sejam o temperamento, o estado de saúde, o grau de desenvolvimento intelectual e moral. Só existe um meio de lhe comprovar a existência. É experimentar. (9)
A capacitação deve, ainda, auxiliar o trabalhador a se integrar nas atividades da casa Espírita. É importante que o medianeiro, além de sua atuação nas reuniões de estudo da mediunidade, seja também um participante ativo das demais tarefas da Casa. Isto vai favorecer o desenvolvimento das habilidades necessárias para o exercício do intercâmbio mediúnico.
Outro fator a se considerar na preparação do trabalhador da mediunidade é a conscientização da importância do trabalho em equipe. Uma reunião é um ser coletivo, cujas qualidades são a soma de todas as dos seus membros. O sucesso da tarefa mediúnica é resultado da união de seus participantes.
Em O Livro dos Médiuns, segunda parte, item 341, o Codificador estabelece as condições para a boa produtividade da reunião mediúnica, das quais destacamos:
Perfeita comunhão de vistas e sentimentos;
Cordialidade recíproca entre todos os membros;
Ausência de todo sentimento contrário à verdadeira caridade cristã. (10)
Como nos alerta o Espírito Emmanuel, não pode “ haver construção útil sem estudo e atividade, atenção e suor”. (11) Quem queira sinceramente contribuir no intercâmbio mediúnico, precisa estudar sempre e buscar o próprio burilamento interior, a fim de produzir o melhor na Seara do Senhor. “ Mas, exercer a mediunidade como força ativa no ministério do bem é fruto da experiência de quantos lhe esposam a obrigação, por senda de disciplina e trabalho, consagrando-se, dia a dia, a estudar e servir com ela.” (12)
“ Espíritas ! amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo.” (13) Esta é a inolvidável advertência do Espírito de Verdade gravada na Codificação Espírita.
Referências Bibliográficas:
(1) — SEARA DOS MÉDIUNS — Francisco C. Xavier/Emmanuel — p.310
(2) — O CONSOLADOR — Francisco C. Xavier/Emmanuel — Q.382
(3) — O CONSOLADOR — Francisco C. Xavier/Emmanuel — Q.387
(4) — O CONSOLADOR — Francisco C. Xavier/Emmanuel — Q.388
(5) — OBRAS PÓSTUMAS — Allan Kardec — Projeto 1868
(6) — O LIVRO DOS MÉDIUNS — Allan Kardec — introdução p.13
(7) — APOSTILA ESTUDO E PRÁTICA DA MEDIUNIDADE — Programa II
(8) — O LIVRO DOS MÉDIUNS — Allan Kardec — CAP.14 — item 159
(9) — O LIVRO DOS MÉDIUNS — Allan Kardec — CAP. 17 — item 200
(10) — O LIVRO DOS MÉDIUNS — Allan Kardec — CAP.29 — item 341
(11) — SEARA DOS MÉDIUNS — Francisco C. Xavier/Emmanuel — p.348
(12) — SEARA DOS MÉDIUNS — Francisco C. Xavier/Emmanuel — p.223
(13) — O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO — Allan Kardec — cap.6, item 5