Auta de Souza

FEEGO
6 min readFeb 25, 2022

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MENSAGEM FRATERNA

MEU IRMÃO

TUAS PRECES MAIS SINGELAS

SÃO OUVIDAS NO ESPAÇO ILIMITADO

MAS SEI QUE AS VEZES CHORAS CONSTERNADO

AO SILÊNCIO DA FORÇA QUE INTERPELAS.

VOLVE AO TEU TEMPLO INTERNO ABANDONADO

-A MAIS ALTA DE TODAS AS CAPELAS-

E AS RESPOSTAS MAIS LÚCIDAS E BELAS

HÃO DE TRAZER-TE ALEGRE E DESLUMBRADO

OUVE O TEU CORAÇÃO EM CADA PRECE

DEUS RESPONDE EM TI MESMO E TE ESCLARECE

COM A FORÇA ETERNA DA CONSOLAÇÃO

COMPREENDERÁS A DOR QUE TE DOMINA

SOB A LINGUAGEM PURA E PEREGRINA

DA VOZ DE DEUS, EM LUZ DE REDENÇÃO.

Auta de Souza

Do livro: “Parnaso de Além Túmulo”, Francisco Cândido Xavier.

Auta de Souza nasceu em Macaíba, então Arraial, depois cidade do Rio Grande do Norte, a 12 de setembro de 1876. Filha de Eloi Castriciano de Souza e Henriqueta Rodrigues de Souza. Antes de ela completar 3 anos ficou órfã de mãe e, aos 4 anos, de pai, ambos com tuberculose.

Sua existência foi assinalada por sofrimentos acerbos. Muito cedo conheceu a orfandade e ainda menina, aos 10 anos, assistiu a morte de seu querido irmão Irineu Leão Rodrigues de Souza, vitimado pelo fogo produzido pela explosão de um lampião a querosene, na noite de 16 de fevereiro de 1887.

Auta de Souza e seus quatro irmãos foram criados em Recife, no velho sobrado do Arraial, na grande chácara, pela avó materna, dona Silvina Maria da Conceição de Paula Rodrigues, vulgarmente chamada Dindinha, e seu esposo Francisco de Paula Rodrigues, que desencarnou quando Auta tinha 6 anos.

Antes dos 12 anos foi matriculada no Colégio São Vicente de Paulo, no bairro da Estância, onde recebeu carinhosa acolhida por parte das religiosas francesas que o dirigiam e lhe ofereceram primorosa educação: literatura, inglês, música, desenho e aprendeu a dominar também o francês, o que lhe permitiu ler no original: Lamartine, Victor Hugo, Chateubriand, Fénelon.

De 1888 a 1890, a jovem Auta estuda, recita, verseja, ajuda as irmãs do colégio, aprimora a beleza de sua fé na leitura constante do Evangelho.

Aos 14 anos, ainda no Educandário Estância, em 1890, manifestaram-se os primeiros sintomas da enfermidade que lhe roubou, em plena juventude, o viço e foi a causa de sua morte, ocorrida em 7 fevereiro de 1901, com 24 anos.

Os médicos nada puderam fazer e Dindinha retornou com todos para o Rio Grande do Norte. Auta foi sepultada no cemitério do Alecrim e em 1906 seus restos mortais foram transladados para o jazigo da família, na igreja de Nossa Senhora da Conceição, em Macaíba, sua terra natal.

O forte sentimento religioso e mesmo a doença não a impediram de ter uma vida absolutamente normal em sociedade.

Era católica, mas não submissa ao clero. Ela não se macerou, não jejuou e jamais se enclausurou. Era comunicativa, alegre, social. A religiosidade dela era profunda, sincera, medular, mas não ascética, mortificante, mística. Seu amor por Jesus Cristo, ao anjo da guarda, não a distanciaram de todos os sonhos das donzelas: amor, lar, missão maternal.

Com 16 anos, ao revelar o seu invulgar talento poético, enamorou-se do jovem promotor público de Macaíba, João Leopoldo da Silva Loureiro, com a duração de apenas 1 ano e poucos meses. Dotada de aguda sensibilidade e imaginação ardente, dedicava ao namorado amor profundo, mas a tuberculose progredia e seus irmãos convenceram-na a renunciar. A separação foi cruel, mas apenas para Auta. O promotor não demonstrou a menor reação. É verdade que gostava de ouvi-la nas festas caseiras a declamar com sua voz belíssima e envolvente, aveludada, e com ela dançar quadrilhas, polcas, valsas, mas não era o homem indicado para amar uma alma tão delicada e sonhadora como Auta. Faltava-lhe o refinamento espiritual para perceber o sentimento que extravasava através dos olhos meigos da grande poetisa. Essa sucessão de golpes dolorosos marcou profundamente sua alma de mulher, caracterizada por uma pureza cristalina, uma fé ardente e um profundo sentimento de compaixão pelos humildes, cuja miséria tanto a comovia. Era vista lendo para as crianças pobres, para humildes mulheres do povo ou velhos escravos, as páginas simples e ingênuas da História de Carlos Magno, brochura que corria os sertões, escrita ao gosto popular da época.

A orfandade da poetisa ainda criança, o desencarne trágico de seu irmão, a moléstia contagiosa e a frustação no amor, esses quatro fatores amalgamados à forte religiosidade de Auta levaram-na a compor uma obra poética singular na história da literatura brasileira: Horto, seu único livro, é um cântico de dor, mas, também, de fé cristã. A primeira edição do Horto, prefaciada por Olavo Bilac, saiu do prelo em 20 de junho de 1900 e esgotou-se em 3 meses.

O sofrimento veio burilar a sua inata sensibilidade, que transbordou em versos comovidos e ternos, ora ardentes, ora tristes, lavrados à sombra da enfermidade, no cenário desolador do sertão de sua terra.

Em 14 de novembro de 1936 houve a instalação da Academia Norte Rio Grandense de letras, com uma poltrona dedicada a Auta de Souza.

Livre do corpo, totalmente desgastado pela enfermidade, Auta de Souza, irradiando luz própria, lúcida e gloriosa, alçou voo em direção à Espiritualidade Maior. Mas a compaixão que sempre sentira pelos sofredores fez com que a poetisa, em companhia de outros espíritos caridosos, visitasse constantemente a crosta da terra. Foi através de Chico Xavier, que ela, pela primeira vez, revelou sua identidade, transmitindo suas poesias enfeixadas em 1932, na primeira edição do Parnaso de Além Túmulo, lançado pela Federação Espírita Brasileira.

Em sua existência física, Auta de Souza foi a ave cativa que cantou seu anseio de liberdade; o coração resignado, que buscou no Cristo o consolo das bem-aventuranças prometidas aos aflitos da terra. Além do túmulo, é o pássaro liberto e feliz que, tornado ao ninho dos antigos infortúnios, vem trazer aos homens a mensagem de bondade e esperança, o apelo à fé e à caridade, indicando o rumo certo para a conquista da verdadeira vida.

***

A Campanha de Fraternidade Auta de Souza, idealizada pelo companheiro Nympho de Paula Corrêa, e aprovada em 03 de fevereiro de 1953, pelo departamento de Assistência Social da Federação Espírita do Estado de São Paulo, então dirigido pelo saudoso confrade José Gonçalves Pereira, é uma bela homenagem à nossa querida poetisa Auta de Souza.

Após vencidas as primeiras lutas, começaram a chegar de Pedro Leopoldo, pelo nosso querido Chico Xavier, as primeiras mensagens de incentivo do alto, partidos de um coração amoroso, cheio de boa vontade, o de Alta de Souza, em mensagens encorajadoras, concitando os caravaneiros a se unificarem no trabalho perseverante de levar aos lares a palavra amiga, a mensagem esclarecedora referente à Boa Nova de Jesus, e também nos assistindo, nos inspirando e nos amparando nas lutas em prol da continuidade dos trabalhos. Daí surgiu a ideia de dar seu querido nome à campanha, passando assim a se denominar “Campanha de Fraternidade Auta de Souza”. (bases e regulamentos da Campanha de Fraternidade Auta de Souza, 2. Edição, pg 19.)

Sob a orientação do espírito de Auta de Souza, o médium Divaldo Franco fundou a Caravana Auta de Souza, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em setembro de 1948, para atendimento às famílias necessitadas, com o auxílio de vários colaboradores. A Caravana Auta de Souza tem mais de 70 anos de serviço ininterrupto de exercício no bem.

Caso: Surpresa

No encontro fraterno Auta de Souza, realizado em Rondonópolis/MT, em 1992, a Campanha de Fraternidade Auta de Souza foi realizada em um bairro muito carente. O coordenador do grupo seguia à frente dos caravaneiros indicando para quais casas as duplas deveriam se dirigir. Ao passar em frente a um casebre, no qual a lona fazia as vezes das telhas, ele fez sinal para que uma das duplas fosse até lá. No primeiro momento eles se sentiram constrangidos com a simplicidade da casa, mas seguindo a orientação de que todos os lares deveriam ser visitados, bateram palmas e aguardaram que alguém os atendesse. Uma respeitosa senhora os atendeu prontamente, aceitou o material de divulgação oferecido, disse que os aguardaria na próxima semana. Quando do momento de arrecadação, a mesma dupla voltou àquela casa de lona. Novamente foram recebidos prestimosamente pela senhora, que havia enchido 2 grandes sacos com roupas para doar. Observando o espanto dos caravaneiros, a senhora apressou-se, humildemente, em explicar que aquelas roupas eram de um ente querido, desencarnado recentemente, e que elas seriam muito úteis a algum necessitado. Ao final da campanha, no momento da avaliação, entendemos ser realmente imprescindível levar a mensagem do Mestre a todos os lares indistintamente, pois esse é o maior objetivo da Campanha Auta de Souza. “Bem aventurados são, pois, os milionários do trabalho digno, os titulados da caridade fraternal, embora passem, quase sempre, despercebidos aos olhos humanos, no modesto anonimato, sem os favores estrepitosos do prestígio e sem as homenagens que se prestam aos vencedores do dia.

Fonte:

Lindos Casos da Campanha de Fraternidade Auta de Souza (páginas 135 e 136).

Bases e regulamentos da Campanha de Fraternidade Auta de Souza, 2ª edição, pg 19.

O consolador — Revista Semanal de Divulgação Espírita.

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