Por Thaís Lúcia Machado da Silva Ramos
(Membro da Academia Espírita de Letras do Estado de Goiás)
Ao nascer do novo dia
Ela pôs-se a sorrir para mim
Dissimulado de melancolia
Só declinei o meu sim
Logo ergui-me apressado
Dei-me com ela na oração
Mas saí a passos largos
E repeli sua intenção
De frente à mesa posta
Na pureza da criança
Ela veio tão disposta
Afastei-me da esperança
No desdém do elevador
O meu olhar indiferente
Rompeu a doçura do Senhor
Escolhi seguir ausente
Esquecida na calçada
Pés descalços da humildade
Estendeu-me a mão calejada
Convidou-me à caridade
Tão puro era seu coração
Que do repúdio à sua dor
Ela percebeu minha solidão
E deu-me a face do amor
Deus sondou a minha alma
Ofertou-me em meu caminho
A criança que tão calma
Mudou ali o meu destino
Então subi até o céu
Tomei em mim a Sua luz
Retirei da face triste véu
Embalado por Jesus
Sob a lua desse dia
Não era noite traiçoeira
E da vida tão vazia
Voltei para casa tão inteira
No elevador, o meu sorriso
Na mesa posta, a gratidão
Para a criança, o meu carinho
Para Deus, pedi perdão
Do Seu amor eu preenchi
A minha alma de leveza
Com sua paz pude seguir
Ao escolher a gentileza